22.7.12

we will become silhouettes

há nesse momento uma pausa. um estado de flutuação, um estado de bolha-de-ar. não por outra coisa se não a incerteza de ser e de destino. não, não da miríade de cores, nem do conviver com raios de sol. apenas a fragilidade da incerteza. chegam a todo instante confirmações da necessidade do momento, da importância de se ver como produto de sabão e sopro. a simplicidade da matéria lembra o quão fácil tudo se vai, e assim mesmo vem. e mesmo, mesmo escrevendo aqui o que escrevi, não abro as portas que um dia fechei. teimo em vê-las fechadas, em encará-las, dizê-las profanas e só. nada disso passa. às vezes penso que outras portas devem haver, outras que não precise confrontar e dizer que talvez o erro seja de dentro pra fora. e devem haver mesmo, outras tantas mil mundo a fora. mas ora, é preciso reconhecer minhas próprias partes. não podem essas estarem negando acesso, assumindo limitações a torto e a direito. limitações não aceitas hão de não ser mais limitações.

é tempo de mudança, é tempo de portas abertas.

15.2.12

mansinho cedinho

há um burburinho em mim. confusão de vozes, de quereres, sentimentos sempre tão difíceis de tatear. já é hora de tê-los sólidos em minhas mãos, sabê-los de cor e salteado. quero eu desvendar esses terrenos tão meus. desvendar não! apenas ser, sê-los. porque há em mim essa ideia. de que tudo de nós sabemos, e quando dizemos que não, somos só nós querendo não saber. sendo então o mais complicado de tudo apenas ser em si mesmo. em si mesmado!
seria saudável? ser todo eu, todo todotodo? sem um quê de culpa, um quêzinho de pressão... ah, sensação ideal! (pergunto, é coisa minha ou ocorre com todo mundo?)

confesso, tenho medo vergonha ansiedade choro pressa. foi-se o tempo do querer-futuro-no-final-do-dia. olha só, acordarei e serei eu. um dia assim, simplicidade. no primeiro raio de sol...

28.1.12

Me surpreendi quando achei esse texto de meados de 2007, no auge dos meus 14 anos (!!). Acho que perdi essa prática da escrita...

"Os efêmeros batem-se aos nossos braços, esbarram e pedem desculpas. Os efêmeros passam sorrindo e reclamando. Os efêmeros gostam de sol e chuva, da sombra das nuvens e do frescor das árvores. Limpam os óculos, perdem os óculos e nunca acham suficiente. Os efêmeros perdem a esperança e a fala diante do abismo que é a pena de vida. Não descansam, e já esqueceram de entender o porquê dessa agonia. Os efêmeros sentem medo, mesmo que em segredo, sentem. E sentem tanto que pedem desculpas a Deus. Os efêmeros amam, e acreditam que o amor nasceu para satisfazer-lhes, e sabem que nasceu para crucificar-lhes. Têm os cinco sentidos que lhes servem divinamente: tocam, cheiram, ouvem, vêem, degustam. Falam demais também, ousam falar que sabem muito, que pensam, que valem muito.

Os efêmeros são como fumaça, uma fumacinha rala que se acha no céu: uma nuvem. Esquecem-se, talvez, da miudez de sua existência, da sua insignificância diante do todo.
Os efêmeros são transeuntes, e nós quase não os sabemos. Quando choram recebem ajuda dos quatro cantos do próprio coração partido, quando sorriem passam despercebidos - pois, a felicidade, apesar de incomum, não desperta nos próprios! quase nenhum interesse. Por pouco não pagaram a dívida, quase perderam a vida.

São nervosos, mesquinhos. Falam mal dos seus semelhantes e esperam fidelidade de seus companheiros. Os efêmeros são classe média, caucasianos, cristãos-conservadores. Os efêmeros lêem jornal e acreditam em cada notícia comerciada por meio de páginas bem escritas. Os efêmeros têm um lar pra voltar, comida semi-pronta na geladeira e dinheiro no banco.
Os efêmeros são finitos, mas sem fronteiras. São fantásticos ou ao menos podem ser. Começam como sementes, mas deixam de caber em si desde muito cedo, atingem os limites da convivência entre as outras sementes-germinadas e brotam sem nenhuma ajuda aparente. A essa ajuda chamam amor. E dessa ajuda, os efêmeros costumam explicar seus erros.

Os efêmeros não cabem em sua insignificância de apenas ser... e criam.

Os efêmeros... somos nós."